Inteligência Emocional

O teste de QI ( quociente de inteligência) foi criado no início do século passado e constitui-se em um teste respeitado para fornecimento de dados sobre a capacidade intelectual de um indivíduo. Sua função inicial era avaliar crianças com atraso intelectual, medindo habilidades como compreensão, aritmética, memorização , vocabulário, razão e julgamento.O teste de QI, portanto, é capaz de medir inteligências linguística, lógico-matemática e até mesmo espacial. De fato, pessoas com alto QI costumam ter uma ampla gama de interesses e atividades e ter certo sucesso nestas, principalmente se o sucesso é medido como produção, obstinação, e ambição. Há,inclusive um fato interessante acerca do QI: o chamado efeito Flynn, segundo o qual o QI se eleva a cada geração.

Por outro lado, vários pesquisadores vêm, ao longo dos anos, demonstrando haver diferentes inteligências além daquela medida pelo QI. Existem pelo menos 20 grandes inteligências, ou talentos (como dança, esporte, música, artes visuais, lógicas, entre outros). Dentre essas, uma das inteligências mais importantes é a inteligência interpessoal. Esta é constituída basicamente de capacidade de liderança, capacidade de manter relações, de conservar amigos, de resolver conflitos e de análise social( interpretação dos relacionamentos entre as pessoas). Basicamente significa a capacidade de compreender outras pessoas.Esta capacidade,somada à ação com sabedoria nas relações humanas pode ser chamada inteligência social.

Outro subtipo de inteligência, ainda mais importante que a interpessoal, é a inteligência intrapessoal.Podemos definí-la como a capacidade de formar um modelo preciso e verídico de si mesmo e usá-lo para agir eficazmente na vida. Significa termos contato com nossos próprios sentimentos e capacidade de discriminá-los e usá-los para orientar o comportamento. No dia a dia, nenhuma inteligência é tão importante quanto a intra-pessoal .

Didaticamente, Salovey e John Mayer propuseram cinco domínios de inteligência emocional:

1) Capacidade de conhecer as próprias emoções.
2) Capacidade de lidar com as emoções: Capacidade de confortar-se, livrar-se da ansiedade, da tristeza ou da irritabilidade incapacitantes.
3) Capacidade de motivar-se.
4) Capacidade de reconhecer emoções nos outros, através da empatia, uma aptidão pessoal fundamental. Empatia vem do grego "empátheia", que significa "entrar no sentimento", ou seja, conseguir sentir o sentimento do outro.
5) Capacidade de lidar com relacionamentos.

Outro domínio importante da inteligência emocional é o " autocontrole", ou seja, capacidade de adiar a satisfação e conter a impulsividade. O autocontrole costuma estar por trás de qualquer tipo de realização. Pessoas com alta inteligência emocional costumam ser comunicativos, gregários, adaptam-se bem à tensão e não possuem "ataques de sentimentos" que levam a arrependimento.

A consciência da ocorrência dos sentimentos e da ocorrência do processo de pensar é fundamental para o funcionamento da inteligência emocional. A consciência do "estado de espírito" ou da emoção é comumente chamada "autoconsciência". A consciência do processo de pensar é chamada " metacognição".

Com base nessa premissa de auto-monitoramento, pode-se afirmar que há basicamente três tipos de pessoas:

1) As autoconscientes: administram bem suas emoções.Podem, por exemplo, produzir afastamento de uma emoção negativa.
2) As mergulhadas: incapazes de fugir das emoções.
3) As resignadas: Não fazem nada para mudar as emoções.

As emoções, ao contrário do pensamento comum, não são inimigas da racionalidade. Pelo contrário, só conseguimos tomar boas decisões quando guiados pelo conjunto emoção-razão. Da mesma maneira, as intuições são impulsos de emoção (impulsos límbicos) gerados pela experiência. A razão pode, também, ter grande participação na emoção, como quando imagina-se uma fria vingança , por exemplo. Sabemos que o controle emocional é uma virtude. Mas como é possível, por exemplo, controlar a raiva? Pode haver uma maior possibilidade de controle se, logo no início deste sentimento, seguirmos os seguintes comportamentos:

1) Se afastar e procurar distração,
2) Inspirar fundo e relaxar a musculatura e
3) Voltar à discussão apenas 20 minutos depois.

Da mesma maneira algumas atitudes cognitivas podem ser benéficas, apesar de contraditórias:

1) Re-avalaiar a situação, procurando algum erro de avaliação de sua parte, ou seja, procurando questionar ou contradizer seus próprios pensamentos, ou
2) Simplesmente tentar não pensar na causa da raiva, procurando imediatamente uma distração.

E se não conseguirmos controlar a raiva? Dar vazão à raiva pode ser funcional, em raros casos. Estes seriam quando a raiva permite infligir uma correção da atividade ofensiva, mas de maneira assertiva. Geralmente isso só se consegue após "esfriarmos" por um pequeno período de tempo.

Finalizando, devemos lembrar que um dos grandes preditores de sucesso pessoal é a capacidade de persistência em caso de frustração, ou seja, a capacidade de enfrentar derrotas. Esta característica pessoal leva a auto-eficácia, que é a crença de que somos capazes de exercer controle sobre os fatos de nossa vida.

Este é um pequeno resumo do tema inteligência emocional, cujo objetivo é produzir conhecimento para que então possamos colocar em prática alguns desses conceitos. Um abraço!

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