As crianças e o risco de suicídio


Um grande estudo americano, realizado no mês passado nos EUA, demonstrou uma realidade que temos infelizmente percebido na prática nas centrais de leito: o provável aumento das taxas de ideação e de tentativa de suicídio em crianças nos últimos anos.
O estudo, chamado ABCD, é o maior estudo epidemiológico já produzido neste tema em crianças. Geralmente quando se trata de suicídio são os adolescentes o público alvo dos estudos. Devido a este fato, apesar dos resultados publicados serem impactantes, não há dados suficientes para conclusão sobre a taxa de aumento de suicídio ao longo dos anos em crianças, por não existirem dados comparativos.
O estudo ABCD constituiu uma amostra de 7994 crianças entre 9 e 10 anos, nos EUA. 673 crianças (8.4% delas) apresentaram pensamento suicida passado ou presente e 107 crianças (1.3%)  tiveram pelo menos uma tentativa de suicídio na vida.

Segundo o estudo, quais os fatores ligados a aumento de pensamentos suicidas em crianças?


  • Problemas psicológicos conhecidos ou não pelos pais. O estudo demonstrou que uma parte dos pais não tinham total acesso aos problemas emocionais das crianças, e desconheciam as idéias de suicídio.
  • Exposição a conflitos familiares.
  • Maiores exposições a telas durante os fins de semana. 
E quais fatores podem ser considerados como protetores contra o suicídio em crianças?

  • Maior nível educacional do cuidador.
  • Envolvimento escolar positivo.
  • Altos níveis de supervisão parental.
Ou seja, o maior fator de proteção é a vivência positiva no ambiente familiar e escolar, tendo experiências positivas nestes contextos. Os pais devem demonstrar genuíno interesse no que as crianças estão fazendo, como estão e quem são seus amigos. 
Portanto, mantenhamos a atenção ao ambiente onde estão vivendo nossas crianças, e aos sinais de que algo as possa estar perturbando.
Procure sempre interagir muito com seu filho, demonstrando afetividade e autoridade, sem agressão ou autoritarismo não afetivo. Se perceber algo de errado, leve-o a uma consulta com um psiquiatra especialista em infância e adolescência.



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