Meu filho não quer parar de usar drogas.Como devo proceder?

Como expliquei em postagem anterior, a tendência do usuário de drogas é manter o uso até que a balança motivacional tenda para a abstinência. Vou dar exemplos práticos: O fumante que para após um infarto, o dependente de cocaína que busca ajuda porque ficou sem dinheiro e faliu a empresa, a esposa dependente de álcool que se empenha em manter a abstinência após a dissolução do casamento. Isso é relativamente comum, infelizmente, pois o prazer provocado pela droga compete com os danos produzidos por ela, até que os danos se tornem muito graves.
Se o filho não deseja parar, promova grandes dificuldades para o uso. Isso tenderá a promover motivação em parar. Se o seu filho mora em casa e não tem meios de subsistir sozinho, negocie que para que continue morando na sua casa precisa mostrar exames toxicológicos negativos em urina. Essa conduta se baseia no princípio de evitação da co-dependência. Uma vez que a pessoa está em uso de droga, não pode receber auxílios, pois esses auxílios facilitam o uso. Muitos filhos que recebem baixos salários preferem optar por sair de casa e continuar usando drogas. Essa postura não deve ser evitada. Deixe que o filho tente subsistência sozinho. Quase invariavelmente os filhos retornam a casa dos pais mais maduros e concordando em não usar drogas. Utilize radicalmente todas as regras de evitação de co- dependência. Não forneça mesadas, não permita o uso de carro, muito menos dinheiro advindo de outros familiares, principalmente avós.
Quando os métodos tradicionais falham, inclusive a entrevista motivacional, e o paciente é hostil, não há outra maneira de proceder. A única recomendação é: vá a luta e torne a vida do dependente muito difícil. O pior erro é evitar o confronto. Nesses casos específicos, agir de forma confrontativa melhora muito o prognóstico.
Como ultimo procedimento em casos de pacientes em uso compulsivo e com claros deficits em julgamento da realidade oriento o internamento compulsório. Há diversos estudos demonstrando a efetividade destes, por promover a abstinência inicial e colocar o indivíduo numa posição mais racional sobre sua situação. Dependendo principalmente do preparo da equipe do internamento, pode haver sucesso e manutenção da abstinência a longo prazo.

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