Transtorno Bipolar

         O transtorno bipolar acomete aproximadamente um por cento da população em sua forma mais grave, um por cento a dois por cento em sua forma moderadamente grave e até seis por cento em sua forma branda. A genética tem fator importante no desencadeamento, com estudos mostrando que de 40 a 80 por cento dos gêmeos monozigóticos de um indivíduo bipolar apresentam a mesma doença.
         A deflagração do transtorno acontece por uma interação entre herdabilidade genética e estresse ambiental. Essa é uma doença da fisiologia do cérebro, que envolve desregulação em sistemas de dopamina, serotonina, acetilcolina, glutamato, alem de problemas na sinalização intra-celular.
         Durante o curso da doença o paciente enfrentará elevações e depressões do humor, bem como sintomas interepisódicos. A presença de dois polos - o depressivo e o exaltado, chamado de hipomaníaco ou maníaco- é o que caracteriza o transtorno.
       O diagnóstico se baseia na fenomenologia. O componente fundamental é a observação de elevações no humor, em maior ou menor intensidade, mas em grau suficiente para ser caracterizado como anormal, ou seja, como causador de sofrimento ou de perda funcional ao indivíduo . Mania é uma síndrome caracterizada por aumento de energia, podendo haver exaltação do humor, aceleração do pensamento, aumento da atividade motora, aumento no volume e na velocidade do discurso, irritabilidade, impulsividade, agressividade, entre outros.Um fenômeno parecido porém menos intenso é caracterizado como hipomania. O episódio maníaco caracteriza o transtorno bipolar tipo I e o hipomaníaco o transtorno bipolar tipo II. Apresentações sintomáticas leves ou pouco descritas nos atuais manuais são vistas como um continuum entre os humores citados e chamadas de espectro bipolar. Além da mania ou hipomania o indivíduo bipolar apresenta episódios depressivos, tendo praticamente as mesmas características da depressão maior ou unipolar. Entretanto nas depressões bipolares há maior probabilidade de  apresentacões atípicas da depressão: aumento de sono, aumento de apetite, lentificação e sintomas psicóticos (alucinações ou delírios).
        O tratamento farmacológico da doença tem como classe principal os estabilizadores de humor, podendo ser associados antidepressivos e antipsicóticos atípicos.Os principais estabilizadores são: lítio, valproato ou ácido valpróico, carbamazepina, lamotrigina e oxcarbazepina. Os antidepressivos são uma classe vasta. Estes variam conforme a possibilidade de indução de mania, ou seja, promover com que um paciente saia de um quadro depressivo mas passe a apresentar características de um quadro hipomaníaco ou maníaco.Esta é uma situação não desejada clinicamente. Busca-se o humor estável, sereno, conhecido como eutímico.
        O manejo do transtorno bipolar é mais exigente que o de outros transtornos de humor, como a depressão e a distimia. É característico desse transtorno o uso de maior número de comprimidos pelos pacientes e a necessidade de maior tempo de tratamento para obtenção de resposta clínica satisfatória. O manejo de sintomas colaterais deve ser feito com cuidado, evitando principalmente o aumento de peso, comum a vários estabilizadores. Ao longo do tratamento o paciente começa a sentir a estabilização do humor e a entender a própria doença, dando feedback ao psiquiatra sobre como exatamente vem funcionando as suas polaridades de humor, ou seus diversos humores.
        É importante um trabalho em conjunto com um psicoterapeuta , além da utilização, se possível, de técnicas auxiliares como meditação tipo mindfulness, mudanças na dieta, exercício físico entre outras.

     

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